Ouve-me, não corras assim
na tua rotina, sem meta nem fim.
Se parares um pouco e olhares para trás,
irás ver um louco se olhares para mim.
Ouve-me, não fiques aquém
do teu horizonte sem ver mais ninguém.
Eu não tenho rosto, nem o teu emprego,
teu fato e teu posto, e sou gente também.
Ouve-me, não fiques zangado
se eu peço esmola e não tens trocado.
Não sabes meu nome, reclamas meu cheiro
e não vês minha fome, meu nome é pecado.
Ouviste?
Ao passares por mim na rua da vida,
não corras assim.
Imagina que és tu que estás mendigando
triste só e nu,
ver-me-ás por fim.